domingo, 29 de novembro de 2009

Guerrilha do Caparaó

Conflitos na História do Brasil
Período Republicano
República Velha
Revolta da Armada: 1893-1894
Revolução Federalista: 1893-1895
Guerra de Canudos: 1893-1897
Revolta da Vacina: 1904
Revolta da Chibata: 1910
Guerra do Contestado: 1912-1916
Sedição de Juazeiro: 1914
Greves Operárias: 1917-1919
Revolta dos Dezoito do Forte: 1922
Revolução Libertadora: 1923
Revolução de 1930: 1930
Era Vargas
Revolução Constitucionalista: 1932
Intentona Comunista: 1935
Levante Integralista: 1938
Regime Militar
Guerrilha do Caparaó: 1967
Guerrilha do Araguaia: 1967-1974

A Guerrilha do Caparaó foi provavelmente o primeiro movimento armado de oposição ao regime militar brasileiro. Inspirado na guerrilha de Sierra Maestra, teve lugar na Serra do Caparaó, divisa entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, no período 1966 - 1967.

Promovida pelo Movimento Nacionalista Revolucionário - MNR, organização baseada inicialmente em Montevidéu, a guerrilha contou com o apoio financeiro cubano, obtido através de negociações entre Leonel Brizola, auxiliado pela A.P e o governo de Cuba. [1] Segundo Denise Rollemberg, alguns membros do grupo - majoritariamente constituído por ex-militares, expulsos das Forças Armadas - também receberam treinamento na Ilha.
Leonel Brizola, figura política que teve destaque neste evento.

Posteriormente o governo cubano teria preferido apoiar Carlos Marighella. O movimento perdeu seu suporte financeiro e os guerrilheiros foram praticamente abandonados no alto da serra.

Na verdade, a tentativa de implantação de uma Guerrilha na serra de Caparaó foi frustrada antes mesmo que o movimento entrasse em ação. Os seus integrantes permaneceram no local por alguns meses realizando treinamentos e o reconhecimento da região e foram presos pela Polícia Militar mineira após serem denunciados pela própria população.[2] Consta que o grupo, desasistido pela organização, começara a roubar e a abater animais para não morrer de fome - razão pela qual acabou sendo alvo de denúncia à polícia.

Descoberto pelos serviços de inteligência, o movimento foi rechaçado em abril de 1967, por um grupo da Polícia Militar de Minas Gerais. Segundo as fontes, praticamente não houve troca de tiros. Os guerrilheiros, cerca de vinte homens esgotados e famintos - alguns bastante debilitados pela peste bubônica - foram presos no próprio sítio onde se abrigavam ou nas cidades vizinhas.[3] Moradores da região também foram detidos para investigação.
Pico da Bandeira, local em que aconteceu a Guerrilha do Caparaó.
Parque Nacional do Caparaó

Mais tarde, com todos os guerrilheiros presos, as Forças Armadas chegaram a questionar se aqueles homens eram mesmo revolucionários ou apenas criminosos comuns. Para provar, a polícia mineira os fotografou e fotografou também os seus documentos, o que comprovava serem ex-militares. Foi armada então uma grande operação conjunta do Exército e da Força Aérea, com apoio da polícia, para eliminar outros guerrilheiros que pudessem estar escondidos na serra. No entanto, não havia mais ninguém e a operação não passou de uma demonstração de força com o objetivo de desencorajar outros focos de resistência armada pelo país.

Para aliviar o desassossego e ganhar o apoio da população local, espantada com tamanho aparato bélico, o Exército promoveu atividades assistenciais e recreativas nas comunidades - atendimento médico gratuito aos habitantes, palestras nas escolas e exibição de filmes de propaganda do regime militar.

Bibliografia

* BOITEUX, Bayard Demaria. A Guerrilha do Caparaó e outros relatos. Rio de Janeiro: Inverta, 1998. il.
* COSTA, José Caldas da. Caparaó - a primeira guerrilha contra a ditadura. Prefácio de Carlos Heitor Cony. São Paulo: Boitempo, 2007. ISBN: 978-85-7559-095-9
* KUPERMAN, Esther. A guerrilha do Caparaó (1966-1967). Rio de Janeiro, 1992. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Rio de Janeiro
* REBELLO, Gilson. A Guerrilha de Caparaó. São Paulo: Alfa-Omega, 1980.
* ROLLEMBERG, Denise. O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro. Rio de Janeiro: MAUAD, 2001.